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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Matéria da Revista Incêndio, com distribuição nacional, destaca o GBMar

A difícil tarefa de salvar vidas no mar

POR VIVIANE FARIAS | redação@cipanet.com.br

Sobreviver em situações adversas é sempre muito complicado e, quando se trata do mar, essa adversidade é potencializada, uma vez que, além do perigo iminente de afogamento, existem os animais marinhos, o sol, o frio, a sede e a fome. Preservar a vida é o que melhor caracteriza o salvamento no mar, que precisa ser realizado de forma eficiente. No entanto, o sucesso de manter vidas de pessoas intactas se deve a uma atuação planejada e a um detalhado treinamento, sem que haja o agravamento ou o comprometimento do estado inicial da vítima e a exposição demasiada dos guarda-vidas. Assim, o conhecimento técnico é indispensável para uma boa atuação, bem como os preparos físico e psicológico, aliados aos materiais e equipamentos adequados.

Criado em 10 de dezembro de 1903, o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) possui, atualmente, um efetivo de cerca de 1.185 militares, entre oficiais e praças. O Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) é a unidade especializada em salvamento aquático e mergulho de resgate, oriundo do Grupamento de Busca e Salvamento (GBS). Seu efetivo é composto por dez oficiais e 85 praças, desenvolvendo dois programas sociais: O Melhor Idade e O Golfinho. Tem sob sua responsabilidade sete praias da grande Ilha de São Luís, atuando também de forma preventiva e fim em outros municípios do Estado, quando solicitado.
Os militares do GBMar passam por constante capacitação. Sua frota é de quatro viaturas, uma moto, seis botes infláveis de salvamento, duas lanchas, três escalés, duas ambulanchas, um barco de madeira e quatro motores de 25 Hp. 

Segundo o major do Quadro de Oficiais Combatente Bombeiro Militar (QOCBM) e subcomandante do GBMar, Arnaldo Martins Macedo, o principal cuidado que se deve ter diante de um salvamento no mar reside no fato de o guarda-vidas não se tornar outra vitima. Para que isso não ocorra, alguns cuidados precisam ser observados no momento em que assumem o serviço, como observar as condições do mar, verificar e testar os materiais e equipamentos que estão a disposição, as circunstâncias que desencadearam a emergência, a quantidade de vítimas, o meio necessário para auxiliar o salvamento, seja aeronave, seja embarcação, jetski, pranchão ou outros e, sempre que entrar no mar para realizar um salvamento, fazê-lo, no mínimo, em dupla. 
Os militares que atuam no salvamento aquático, em operações com embarcação e no mergulho de resgate, além da formação básica de bombeiro, especializam-se conforme a função que desempenham na unidade. Todos são formados guarda-vidas, contudo, alguns se especializam mais e realizam curso de mergulhador de resgate ou de operador de embarcação. 
O tempo de duração do treinamento segue conforme a especialização, mas, em media, o curso de formação de guarda-vidas é de 45 dias. Já o curso de mergulhador de resgate é, em média, de 60 dias e de operador de embarcação para serviço público oferecido pela Marinha, 15 dias. 
As técnicas perpassam por meios que facilitem o salvamento e tornem menos desgastante o esforço físico desprendido pelos guarda-vidas. "Quando automatizados ou utilizados alguns dos meios materiais e equipamentos apropriados, o salvamento aquático se toma mais eficaz e mais rápido para alcançar a vítima, proporcionando atendimento especializado e maior capacidade de sobrevida", enfatiza o major. 
De acordo com Macedo, o preparo físico dos guarda-vidas passa por instruções planejadas pela unidade por pelo menos duas vezes na semana, no qual há o fortalecimento muscular, a resistência aeróbica e o alongamento. Essas valências físicas são treinadas utilizando ambientes como a academia, a piscina, o mar, a caixa de areia, o morro e a pista. O preparo psicológico e desenvolvido conjuntamente com os exercícios físicos, por meio da requalificação (15 dias consecutivos de instrução planejada anualmente para toda a tropa) e em ocorrências simuladas, condições estas que proporcionam mais confiança ao bombeiro, no momento do salvamento. 
O major ensina que, caso a vítima esteja ainda consciente durante o salvamento, deve-se manter a calma, conversar com ela e dizer o que acontecerá, solicitando que a pessoa o ajude. Além disso, ficar sempre atento à possibilidade do estado de choque, parada respiratória e cardiorrespiratória.
Por exemplo, em uma situação de pessoas à deriva, em uma embarcação do tipo bote inflável, Macedo explica que os procedimentos adotados podem ser: evitar flutuar em águas cobertas por combustível; se puder, armar um "quebra-vento", espécie de toldo que protege contra a espuma, os salpicos da água do mar e do sol; se estiver acompanhado de outros náufragos, fazê-los achegar-se em grupo unido, a fim de se aquecer mutuamente; movimentar-se com regularidade, para manter adequada a circulação, isso aquecerá e evitará feridas nos pés e nas nádegas (esticar as pernas e os braços), e verificar as condições físicas dos que estão a bordo. "Preste os primeiros socorros a quem necessitar. Se houver mais de um bote, ligue-os por meio de amarrações de uns oito metros de comprimento, no máximo. Em mar calmo, essa medida poderá ser diminuída, porém, em mar remoto, deve-se permanecer ou aumentar a medida." 
Segundo o major, dois ou mais botes agrupados se tornam um alvo mais fácil de ser avistado do ar. A quantidade mínima de água para se manter em forma é de cerca de meio litro por dia. Para coletar a água da chuva, a dica é utilizar o lado azul do dossel do bote (teto) ou o toldo armado para a proteção. É preciso conservar o bote seco e em constante estado de equilíbrio. A maioria das espécies de peixes do mar é comestível. "Caso não possua anzol, improvise com alfinetes, clips de canetas, pregos encontrados em sapatos, canivetes, espinhas de alguns peixes, ossos de pássaros e pedaços de madeiras, com isca. As aves também são alimentos em potencial, que podem ser capturadas por meio de isca, com pedaços triangulares de metal brilhante, pequenas travas de metal ou madeira. Quando as avistar, fique imóvel, pois algumas delas, ou mesmo todas do bando, poderão pousar no bote, sobre a sua cabeça ou nos ombros. Utilize artifícios pirotécnicos para a localização, como fumaça durante o dia, sinais com luz vermelha, sinalizadores e outros."

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