Canhões ainda permanecem na Ponta d'Areia, mas os fortes não apresentam a mesma estrutura resistente de outros tempos. |
SANDRA VIANA
Construções de pedra utilizadas durante quase quatro séculos com fim de defesa das terras brasileiras. O nome corrobora com a função dessas majestosas e imponentes estruturas. As grossas paredes impediam a aproximação de inimigos e protegia as regiões contra índios, piratas, invasores estrangeiros e mesmo em guerras internas pela independência do país. Hoje, as fortes paredes dos fortes ainda existentes contam histórias de um período de luta e tomada de terras.
A maior parte destas fortificações brasileiras se concentra no litoral, rodeada por praias. O Nordeste é a região que possui o maior número deles e o Maranhão está entre os estados que ainda conservam construções deste tipo. A reportagem visitou o Forte que hoje abriga um quartel do Corpo de Bombeiro, na praia Ponta d'Areia (GBMar).
Há 17 anos, o prédio passou por reformas para abrigar o comando militar. Por se tratar de patrimônio tombado, a construção passou por avaliação de engenheiros do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (lphan-MA). O prédio recebeu nova pintura, divisórias para formação de salas de comando e, recentemente, o lphan concedeu a autorização para climatizar o prédio.
O modelo de ar-condicionado instalado é externo para não adulterar a estrutura da construção. Dentro dos próximos meses, a pintura original será retomada. “O lphan já veio aqui e ficou determinado que a pintura seja refeita. Eles querem que o prédio conserve a arquitetura de quando era utilizado como forte”, destacou o bombeiro Cabo Sérgio. Hoje, 21 bombeiros, divididos em três turnos, se revezam no antigo forte. Onde antes a defesa era contra invasores de outros países, hoje, garante a segurança de banhistas e transeuntes. Em lugar das armas e canhões para combater inimigos de guerra, o forte da Ponta d'Areia guarda a história da colonização de São Luís e se transformou em patrimônio do acervo histórico.
Arquitetura mantida
Os primeiros fortes foram erguidos por portugueses, espanhóis e franceses. Estes povos tinham, sobretudo, interesse no território, explica a pesquisadora Maria Alice Serra. No decorrer de dois séculos, os fortes ultrapassaram as 300 unidades. “Grande parte tinha nome de santos, devido ao ideal português de colonizar e ampliar a fé do catolicismo”, justifica. Outra característica dos fortes é que deveriam ser resistentes aos fogos da artilharia naval das potências colonizadoras e durar por séculos. "Aqui só foi mudada a pintura, mas ainda dá para ver a parede de pedras", disse o bombeiro. À reportagem, ele mostra portões que foram colocados após a chegada do Corpo de Bombeiros. Onde era um depósito, hoje, abriga ferramentas de militares para limpeza do terreno.
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