Saiba o que é e como tratar a síndrome do alcoolismo
Antes considerado problema moral, alcoolismo é, do ponto de vista médico, uma doença crônica. Até há pouco tempo considerado problema moral, o alcoolismo é, do ponto de vista médico, uma doença crônica – com aspectos comportamentais e socioeconômicos – caracterizada pelo consumo compulsivo de bebidas alcoólicas, na qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga lícita e desenvolve sinais e sintomas de abstinência. Dados recentes do "Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas", realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) e pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), revelam que a idade de início do consumo de bebidas alcoólicas fica em torno dos 12 anos. O consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% apresentaram dependência. Já entre os jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% são dependentes.Em São Luís, grupos como os Alcoólicos Anônimos – que só na capital maranhense possui 47 grupos – e Al-Anon dão assistência para quem luta contra a doença crônica. De acordo com o médico psiquiatra Ruy Palhano, uma fronteira separa o consumidor social ou funcional de bebidas alcoólicas e o alcoólatra, e ele garante que é possível superar o alcoolismo. "A fronteira é a inexistência de qualquer dano, psicológico, social ou físico com relação ao consumo da droga. Então, se eu bebo e não tenho qualquer problema advindo desse consumo, eu chamo isso de consumo social ou consumo funcional. Quer dizer, a pessoa não tem problema nenhum, nunca se envolveu com polícia, nunca virou o carro, nunca agrediu a mulher, nunca desprezou os filhos, nunca deixou o emprego, nunca deixou de praticar esporte, e aquilo faz parte do ensejo social, quer dizer, não é nada de especial. Agora, quando o sujeito passa a se 'disfuncionar' e alterar todos esses padrões sociais e psicológicos, você está doente", afirmou em entrevista aoImirante – ouça a entrevista na íntegra, em que o médico fala mais sobre o padrão social de consumo no Brasil e opina sobre o início precoce do consumo de álcool.O especialista esclarece que um conjunto de situações caracteriza clinicamente o que a medicina conhece como Síndrome de Dependência Alcoólica (SDA). "Primeiro, por uma priorização da substância. O álcool etílico, para o alcoólatra, para a pessoa que consome a ponto de adoecer, é exótico, é diferente, ele tem uma característica especial, e é isso que acaba atraindo mais as pessoas. Quer dizer, tem um sentido especial, e não é uma substância comum. Segundo: com o uso sistemático, a pessoa desenvolve um quadro que a gente chama de intolerância. Você começa tomando um copo de cerveja e daqui a pouco você consome duas ou três grades de cerveja sem nenhum problema. Às vezes, a pessoa nem fica mais embriagada por causa disso. Terceiro: você tem um quadro que a gente chama de abstinência. Quando eu interrompo o consumo sistemático dessa droga, dessa substância, eu passo mal. Eu passo apresentar um conjunto enorme de sintomas relativos à essa privação do consumo. Quarto: o alcoolismo vai sequestrando todos os interesses. Então, a prioridade é beber. O aspecto social, os compromissos, a participação em atividades sociais, o esporte, o lazer, a família e o trabalho vão ficando em segundo, terceiro ou no quarto plano. E o quinto elemento de diagnóstico importante é a compulsão. Quer dizer, você não bebe porque quer. Nenhum alcoólatra bebe porque quer. Ele bebe porque é compelido a beber", explica.TratamentoO tratamento do alcoolismo, pelas recomendações médicas atuais, é feito em duas etapas: a de desintoxicação e de reabilitação. Para obter êxito no tratamento, é fundamental a participação de parentes e amigos próximos. Os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) são as unidades de saúde especializadas em atender os dependentes de álcool.Segundo Marcelo Soares, diretor do Caps-AD estadual – ligado à Secretaria de Estado da Saúde (SES) – em São Luís, o tratamento é feito de forma multidisciplinar. "O Caps-AD funciona de porta aberta. O paciente pode chegar encaminhado por alguma instituição ou unidade de saúde, ou pode chegar por demanda espontânea. Ele achar que está com padrão excessivo de consumo, que está tendo problemas sociais, problemas laborais, e querer ter um tratamento ou uma orientação. Chegando lá, ele vai ser acolhido por uma equipe multiprofissional, formada por psicólogo, assistente social, médico psiquiatra, médico clínico, que vão fazer esse acolhimento e orientação do tratamento", diz.O tratamento – que é individual e varia, em média, entre seis meses e um ano – é iniciado com um dia inteiro de cuidados e orientação. Além do tratamento com medicamentos, o paciente passa a realizar atividades de grupo que vão proporcionar sua melhora cognitiva.Onde procurar ajudaO endereço de cada uma das unidades dos Alcoólicos Anônimos, localizadas em 35 cidades do Maranhão, pode ser encontrado na página eletrônica da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos no Brasil (Junaab) nainternet.Para obter mais informações sobre o grupo Al-Anon em São Luís, basta ligar para o telefone (98) 8735-3079.O Caps-AD estadual fica localizado na rua Conde D'Eu, bairro do Monte Castelo, em São Luís. Orientações podem ser obtidas pelos telefones (98) 3226-4741 e (98) 9141-9753. Já o Caps-AD municipal – ligado à Secretaria Municipal de Saúde (Semus) –, fica localizado na rua das Figueiras, quadra 5, casa nº 29, no bairro São Francisco. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (98) 3268-2552
fonte: imirante.com
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